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quarta-feira, março 03, 2010

nacituro






















o enfermiço traz a sintonia
dos que praguejam
com lucidez redobrada
não consegue mais dormir

aprende e sonha
e pouco mais resta
ao ser o abortado
rejeitado e extirpado

a metrópole podre ferve
adoece de suas crias
e promove a queima breve
dos que invejam solenes

efêmero ser encerra
sua pequena tarefa
não arrota desaforos
apenas exala o cheiro
do caos metropolitano.

sobre o medo de chorar















odeiam que misture primeira
e terceira pessoas
mas é vício, isso é sexo, baby

porque chorar gotas de tinta
e sentir a garganta fechar
ao cheirar flores mortas?

já não há concretismo aqui
e onde habitava uma atéia
há hoje uma etérea
não sabe deixar ninguém esperar?

espero, desfacelo-me,
sufoco
e ainda guardo
lágrimas de Pollock.

terça-feira, março 02, 2010

equilibro-me entre o abismo e o caos de teu rosto

















no abismo, sóis infinitos
lembram-me que sou noites em claro
passantes apressados
pisam sobre minha aparente calma
edifícios altos
e vazios imensos
apontam-me quem sou
sons distorcidos
destoam de mim
estou palavra cheia

em teu rosto
não basto-me
nem em tuas sombras infinitivas
e pálpebra intuitiva
caída no regalo de meu ser
talvez por definir-me
tão crua e improdutiva
quem sabe seja
em minha ânsia
por querer demais.

(imagem de minha autoria)