Meus dentes rangem
Minha gordura ferve
A garganta supita
Não tenho mais dor.
Meus pulsos tangem
Vertendo o suco
Que ainda posso ter
Estou fora de mim.
Meu corpo cai
duma janela
sétimo andar
sem nada explicar.
Quero ser um poema
E flutuar em seu colo
Viver para quê?
Padecer como ela
Fio da navalha
Numa língua de trapo
Tantas lembranças
Tantas vertigens.
Acalanto em mim
Um segredo infinito
Rabiscado nos papéis de cheiro
Que um dia minha mão tocou.
E perfumadas ainda,
Elas se vão
Vãs, inertes
Pousadas em meu desespero.
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