tenho predileção por pés, mãos e orelhas
não que sejam essenciais ao romance
mas espero que um dia
possa retocar o ângulo perfeito
que já alcançamos na fuga
que os caminhos sejam menos tortuosos
que essas manhãs nubladas de verões extensos
e meus versos frágeis
não derretam diante dos calos de seus dedos
é que trabalha demais
tive preferência pelos vagabundos iluminados
mas eles só atraem meus olhos
enquanto a gana pede
a força de sua boca e verbo
me sugando a fala e os lábios
tenho adoração pelo silêncio
e se faz necessário em horas distantes
mas peço encarecida
que não me entregue a ele
enquanto habitar minhas medidas
não sou de histórias longas
mas preciso delas
e quando cansados, vazios
lembre-se que na maioria das vezes estamos
e não se esqueça que tenho predileção
por pés, mãos e orelhas, pelo ângulo perfeito
da hecatombe vetorial que une nossos sexos
e que as orelhas pedem mesmo
é sua fala rouca e embrulhada
passeando entre os pelos
de minha buceta
2 comentários:
nossa, lindo esse poema!!!
O desejo adentrando o além ao mesmo tempo que muito pele, muito corpo, o momento agarrado entre os dentes.
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