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segunda-feira, maio 05, 2014

palavras


entoaria grandes versos se tivesse algum
diria grandes palavras movediças
se meu peito fosse algum pântano
ensinaria ao meu filho sobre amores
se soubesse o caminho certo

ah, nessa madrugada muitas flores morrerão
meu peito murchará, fino botão
de pétala em pétala chorará dores
tal lágrimas de orvalho nesse tempo angustiado
onde está a sabedoria das coisas ínfimas e planas?

sinto o alvorecer calmo e ele está fora de mim
estarei só mais uma vez diante de tudo
prisioneira da falta de lógica do ansiar
do desequilíbrio das linhas ferozes e do tempo
e eu anseio mais que todos

o verbo é ancião de passagem
e eu perdi suas verdades.

insone



feche os olhos agora
e tudo está cheio dos cantos da noite
alcançando planaltos e vales
poupando apenas nossa estrela

sinta o canto escuro
que ecoa em nosso corações
distantes e cansados de sonhar
ansiando por verdades tolas

feche os olhos e ouça
os pássaros que cantam para amantes
e amores fadados
à dor e à tristeza

sinta o acalanto negro
que só o albor matutino apaga
e despreze todo o resto

sinta minha mão sobre a sua
mesmo estando assim
tão apartadas nossas carnes

somos ecos amorosos
cantigas que sombreiam
o silêncio da aurora

domingo, maio 04, 2014

chama,

chama,
o ardor de meu nome
em aflição
degusta cada sílaba
que em sua boca
o vocativo arde
derrete, queima e ecoa

nos meus sentidos