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quinta-feira, dezembro 04, 2014

entre lábios e clitóris


confronta a sede dialética
coincide e confunde-se
em exultações e rigidez
conas e bocas são iguais
entre incisivos subvertem

vigoram como armadilhas.

terça-feira, novembro 04, 2014

oculta estrada


entre o negro e o nada
que desce sem intenção
semântica e se afoga
em quadros de Dali.



sábado, outubro 04, 2014

masturbação


em ódio amoroso
famintos e caídos
descobrimo-nos
fracos e falidos

a cólera da boca
abrasa peito e vulva
falo e língua
ressoam

sós.

quinta-feira, setembro 04, 2014

ensaio vermelho


canção tingida
encarnada boca rija
chicote ímpio
das esquerdas, de paixões
devassidões e taras
conjugar-te rubro

flameja-me escarlate.

segunda-feira, agosto 04, 2014

ele

tinha napalm
na língua

ainda procuro
meus pedaços.


sexta-feira, julho 04, 2014

amor ao mar


sal e água
na onda da idade
sopram em cais
abandonado

o tempo
não aflige mais
do que a saudade

de ter para onde voltar.

quarta-feira, junho 04, 2014

voraz



cravei-te
em minha
boca falida

      que beija-te o falo
     e quer-te a vida!

segunda-feira, maio 05, 2014

insone



feche os olhos agora
e tudo está cheio dos cantos da noite
alcançando planaltos e vales
poupando apenas nossa estrela

sinta o canto escuro
que ecoa em nosso corações
distantes e cansados de sonhar
ansiando por verdades tolas

feche os olhos e ouça
os pássaros que cantam para amantes
e amores fadados
à dor e à tristeza

sinta o acalanto negro
que só o albor matutino apaga
e despreze todo o resto

sinta minha mão sobre a sua
mesmo estando assim
tão apartadas nossas carnes

somos ecos amorosos
cantigas que sombreiam
o silêncio da aurora

domingo, maio 04, 2014

chama,

chama,
o ardor de meu nome
em aflição
degusta cada sílaba
que em sua boca
o vocativo arde
derrete, queima e ecoa

nos meus sentidos

sexta-feira, abril 04, 2014

a chama da aparição

a chama da aparição
ainda queimava
e a pele rubra
lambia-me
ventre e existência
em farrapos
na leveza da dor flutuavam


pálpebra, olho e caos.

terça-feira, março 04, 2014

Venéreo


Visto que apega-se
igualmente a todos
os teus amores,
vingo-me.
Trago desejo venéreo
por todos que querem
comigo compartilhar.
Que me importa
esperma ou
sangue contaminado,
minha alma está impregnada de ti,

doença maldita.

rubro


queima a palavra presa na garganta
 que o plexo venoso não espera represas
arrebenta o que envergonha 
descarta o obsoleto
como quem verte câimbras falhas
o reflexo rugoso do desistir
é coágulo e seca na veia de peito alheio

deixando-o à míngua.

sábado, janeiro 04, 2014

Uma vida cinza



Uma vida cinza
Escrita com mãos pálidas
Com unhas carmim
Os olhos apáticos
Poemas traumáticos,
Linfáticos,
Catatônicos...
A miopia desconhece
A vastidão inóspita
De uma vida entre o negro
E o nada.

terça-feira, dezembro 24, 2013

o Narciso e a estrela


reflito-me no lago
como se Narciso fosse
e fossilizada nesse
brilho reflito fria
nada pulsante, vago

ele lambe e beija
sua própria luz
refletida em eco
mal me vê perdida

sob o derradeiro
feixe declara-se
ao seu reflexo
iluminado e cego

quantas noites sem lua
estarei no lago
à espera de um único
e lascivo olhar?

segunda-feira, novembro 25, 2013

musa morta

ele finge para não delatar-se
e sob a musa seminua
o carrasco impera
como quem sente mais
que deveras sente
sustenta o soluço
quase não

segunda-feira, outubro 21, 2013

acefalia lancinante




o amor híbrido                          
perdoa-me
as asas


visão turva
desse riste
retirante
vínculo
que insiste
abandonar
ninhos

terça-feira, outubro 15, 2013

querido missionário




deixai essa cercania voraz
não permita que eu te engane
meu olhar triste e falsamente vencido
só escondem a tez canibal

as pupilas bem trazem o belo
bem trazem o zelo
e arfam-se do autêntico
perfeitamente aprazível
venha me visitar...


oh, menina da ilha
não tome palavras de Eliot
para me agradar
nessa batalha fascinante
que caminha em nosso
descansar prazeroso...

domingo, setembro 15, 2013

nostalgia


a imagem de teu corpo
não me fere mais como antes
mesmo que a morada inerte
insista em gritar

o espelho da cômoda
reflete meu olhar nocivo
foi-se o tempo que esperava
trago o cigarro entre os dedos

é tudo que preciso

há um certo brilho na caduquice
como se o esquecimento fluísse
pelas veias cansadas e sonolentas

não há mais o alvoroço matutino
não há mais o revoar vespertino
e a noite desce lenta.


quinta-feira, agosto 15, 2013

a visita do poeta


foi numa tarde de quarta
poucas horas
mais que um livro
dono de olhos opacos
como que insatisfeito
tinha poesia nas mãos
bem mais que um livro

e ficaram as palavras apenas
e a indagação
do que eu olhava
ficaram as palavras apenas
naquela casa simples
de piso frio e dedos mornos
a visita do poeta
deixou-me poetisa
bem mais que antes.





um suspiro de Eliot




minha cama, como um leito altivo
macia e quente, sustentava o teto
em coroas de espelhos
e entre elas Eros nos olhava
(e as Ninfas coravam sob seus véus)

sim, sei que parece onírico
pouco, quase puro, nada pudico
os olhos não se abriam
as mãos não se fechavam
e seres deflagrados expandiram

não sei quem é meu amante agora
não me interessa nada mais
Eliot só me sussurrava ao ouvido:
"DEPRESSA POR FAVOR É TARDE
DEPRESSA POR FAVOR É TARDE"