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sexta-feira, abril 28, 2006

Meus Mares

Mar

Tudo era tão silencioso
Ouvia ondas quebrando
O tempo ali parecia ter parado
Conseguia ouvir também
O som de tambores do peito ansioso
Fazendo serenata para o estrangeiro
Não era dia, não era noite,
Cada coisa, cada criatura trazia oferendas,
Ao recém chegado.
Sentado nas pedras
Ou debaixo d’ água
O mar fazia dos meus olhos
Espelhos visíveis.
Estava fascinado com tamanha
Magnitude e vastidão inesquecíveis.
As ondas quebravam cada vez mais perto,
O mar chamava-me para dançar.
Não era dia, não era noite
Via todos os peixes nadando sincronicamente,
Bailando freneticamente.
Flamejavam sentimentos
Tudo era tão calmo ali
Ergui-me aos poucos
Exuberante de vida, antena de sentidos
Que não eram únicos
Pois o mar estará eternamente refletido
Em minhas retinas.
Mar II

Deixo fluir a emoção
Exprimo gestos absurdos
Enrosco-me na areia
Envolvo-me na liberdade
Lanço meu corpo cálido no ar
E permito-me cair,
O vento sudeste
Lentamente toca a pele, a face.
Tudo lhe é permissível
Fecho os olhos e absorvo o silêncio
Forma-se então um caminho imaginário
Luminoso, radiante,
Executa-se um canto hipnótico
Expressa-se em minha alma quieta
Que apenas reflete o mundo em meu seio
Espelho, espectro...
Terra, água, fogo, ar, mente, sentimento.
O encanto toma conta do ser
Que sente-se pleno em sua
Autotransfiguração abstrata,
Que alivia e capta a força
Emanante e interiorana.
E aquele silêncio agora sepulto
Suporta um instante imortal,
Onde soa forte o coração,
O sangue, o pulso, o impulso.
Esquecendo o mundo
Um mundo moído que mofa,
Mofa, molda formas de vida,
Vida morta, amorfa.
Possuo apenas emoção
E ondas, apenas.

Mar III

Com os pés cheios de areia
Sentimentos pulsam plenamente
Visão liberta,
O mar e sua hospitalidade,
Suas vozes, seus deuses,
Seus estranhos mortos.
Além do horizonte,
Ele murmura,
Todos eles murmuram...
São vozes diferentes
Sob o nevoeiro denso e silencioso.
E o coração encouraçado iça a vela
Transforma-se em caravela
E penetra nas ondas,
Em suas idas e vindas.
E nesse azul marinho
Bailando em minhas retinas
O mar murmurava,
Na sua maneira doce
De se jogar entre as pedras,
No seu azul imenso e profundo,
É rasgado pelas esquadras,
Pela caravela
Que é tumbeiro,
Carregando lembranças
Que contam do tempo
Aborrecidas, e até esquecidas,
Mas o turbilhão é violento,
Sem piedade,
Lança a embarcação contra os recifes
E estes estilhaçam o casco,
E o coração fica à deriva
E passarão séculos para reencontra-la.
Jaz agora extirpada,
Ao relento, há pouco abandonada.



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quarta-feira, abril 26, 2006

Pequenas borboletas
Pairam pelo chão do cerrado
Oscilam sobre o verde
E o ocre da terra
Coloridas como o arco-íris
Não buscam nada mais
Que flores,
Não mais que água,
Que paz!
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domingo, abril 23, 2006

Minhas Orações


Minha versão do “Pai Nosso” é:
Meu pai, que falecido jaz,
Não sei onde está
Nem mesmo sei se teu nome é pagão
Não tenho reino nenhum
Mal sei se ainda tem vontade
E onde quer exercê-la
Mas livrai-me de todos
Os que me odeiam,
Amém.










Maria Menina

Menina Maria
Cheia das graças
Os olhares todos contigo
A mais linda é entre as mulheres!
E mais lindo é teu ventre, teu fruto, teus cajus.

Menina Maria
Sou todo seu
Olhai para nós
Pervertidos
Amém.










Santo anjo inquisidor
Meu sarcástico guardador
Se a ti me confiaram
Sem piedade nenhuma
Sempre me rege
E domina
Amém.












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sexta-feira, abril 21, 2006

Dorme doce e beato Endimião
Que velarei dos céus teu sono
Escolhera ceder-se à sua paixão
Pois do teu destino quis ser dono.

Abandonaste as ovelhas, teu campo,
Para sonhar com tua felicidade pura
Que na realidade fez-se neste pranto
Ao ver-te preso nesta eterna clausura.

Desejou-me com desesperado fulgor
Jurando-me teu desaforado a amor
Atirando tua vida contra meu pudor.

E vendo-o dormir eterno jovem, chorei,
No horizonte, cheia de minha dor brilhei,
Amaldiçoada, amada por outros serei.


PS.: "Conta a lenda que Edimião nutria um violento amor à Lua. Mas ela (Lua) ignorava-o, por não se misturar com mortais. Edimirão era pastor jovem e de grande beleza. A pedido de Selene, Zeus prometeu a Edimião realizar qualquer desejo seu, e este escolheu o sono eterno, pela certeza de jamais ver seu amor correspondido e adormeceu, continuando jovem perpetuamente. De acordo com algumas versões, foi durante seu sono perpétuo que a Lua o viu e apaixonou-se".

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quinta-feira, abril 20, 2006

Auto-retrato

Eu, que não sou alta nem baixa,
Nem tão gorda
Muito menos, magra.
Não sou de direita,
Mas também não sou de esquerda
Escrevo, mas não muito bem,
Aliás, nada me faz sensacional,
A não ser por um dia
Em um jornal.
Passo desapercebida,
Quando não me olham muito.
Tenho sorriso largo,
E um coração profundo
Mas de que me vale isso
Se está cego o mundo?
Um dia nasci
E disseram
“Saiu ao pai”
“Cuspida e escarrada”
Nem sei se sou,
O que digo que sou.
São tantas possibilidades,
E um mundo cheio delas...
Contraditória ou transitória
Acho que é assim que sou...


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Inocência

Brincava com o vento indeciso
Não pensava em solidão
Não pensava em destino
Tinha todos os sonhos
E cantava com o vento...

Brincava com o vento indeciso
Não pensava em hora
Não pensava em morte
Tinha todos os dias
E sonhava com o amanhã...

Brincava com o vento indeciso
Não pensava em furacões
Nem em tormentas
Tinha todo o querer
E queria crescer...

Já não brinco com o vento
Já não ouço sua voz
Já não corro mais
Cresci, mas minhas raízes são profundas,
Meus galhos duros e secos.

Já não danço mais
Já não me entrego
Já nem quero mais
Estou cansada de tudo
Até de almejar a paz.

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quarta-feira, abril 19, 2006


Ah, aquele tempo que não volta mais
E essa saudade iludida
Que teima em angustiar-me
Que volta do mar do esquecimento
Em ondas espumantes no mar
Em brumas flutuantes no ar
Ah, essas lembranças que não me largam
E alagam meu peito
Com o saudosismo de outrora
Que vingam agora no descontentamento.

Ah, aquela carcaça náufraga no oceano
É preciso ir fundo para encontrar-me
Fragmentos do que um dia fui
Cacos de um ido e submerso
Passado feliz
Pedaços de um eu que não sou mais
Ah, esse tormento que me persegue
E que logo me esqueço
Pois a saudade e a dor vêm e vão
E vagam agora no meu esquecimento.



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terça-feira, abril 18, 2006


Ah, esse outono,
Que toma a minha’lma
Cansada de sol
Caem, finalmente, as folhas,
Tudo fica opaco.

E os caminhos do céu
Abrem-se,
Aguardando o inverno.
Teria me amado
Ou foi apenas nuvem.

Ah, esse outono,
Tomou minha’lma
Cansada da calma
Do teu olhar...
Tudo ficou opaco.

As nuvens se foram,
Como se fossem
Tudo de mim
E o céu ficou,
Aguardo o inverno chegar.
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domingo, abril 16, 2006

Nossas sombras escorregam
Pela penumbra quase tímida
Escutam nosso suor e gozo
Neste lento e vicioso afago
Que nos embala o corpo
Tenho-te completo
Em órbita na minha cintura
Éramos barro
Somos carne
Lábios nervosos
Línguas obtusas
A fumaça toma o ambiente
Bailamos com ela
Vaporosos
Gozosos
Somos sombras
Submersas na escuridão.

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sexta-feira, abril 14, 2006

número 1 Lucas Rafael Nolli

É sempre um prazer estar aqui falando de escritores jovens e talentosos, Lucas Rafael Nolli Duarte ou simplesmente L. Rafael Nolli, como se apresenta, é mais um desses doces encontros nessas minhas viagens cibernéticas. Mineiro, da cidade de Araxá, nascido em 1980, esse menino já tem um livro de poemas publicado, intitulado “Memórias à beira de um Estopim."

Diz que seria complexo falar de influências literárias, pois tem várias, desde Dostoevski, Gabriel Garcia Marques, Cecília Meireles, Augusto dos Anjos, até Nietzsche! Disse que não queria esquecer nenhum de seus preferidos. Confessou ainda que o teatro, o cinema e a música tiveram e têm um papel importante em sua formação intelectual.

Seu estilo está longe de ser estilizado.Garante não se seduzir por manobras estilísticas, tão comuns na poesia atual. Gosta de trabalhar a sonoridade, na interação de palavras e signos, e diz usar seu verso para atingir as pessoas, rechaçando o típico poeta que se distancia da realidade e não usa da poesia como instrumento modificador ou como movimento de quebra com a elitização da poesia.

Num primeiro momento, vi traços de rebeldia nele, na sua escrita disforme, sem regras rígidas, mas isso foi se dissipando, por notar que sabia perfeitamente o que estava fazendo e que era algo premeditado, arquitetado em sua mente brilhante.

O que mais me agradou, na escrita de Rafael, foram suas aliterações, ele faz música, brinca com as palavras de uma maneira desajustada e encantadora, mas parece que faz isso de propósito também. É um jovem engajado, participa de movimentos interessantes, tanto em blogs quanto em comunidades do Orkut.

Como eu, Rafael tem se dedicado muito aos blogs e a essa nova geração (poetas, músicos, artistas plásticos, pintores) que usa a rede para divulgar sua arte.


Recomendo:
Canção de Ninar
Dança das Nove
Poema de Amanhã
XXXII

Blog:
http://nolli.zip.net/

Boa semana, e até a próxima!

Agradecimentos especiais à Caroline Schneider, que gentilmente revisa meus textos.

O objetivo maior do meu trabalho é a troca, por isso há espaço para comentários no rodapé da página.

Dúvidas ou sugestões:

larissapin@hotmail.com

quinta-feira, abril 13, 2006

Contarei aos sete ventos
Morreu um homem das massas
Virou brinquedo das traças
O ilustre desconhecido

Contarei aos sete ventos
Que sua foto não saiu no jornal das oito
Que era amigo, não era político,
O ilustre desconhecido

Se eu morrer
Contem aos sete ventos
Para que todos saibam, como agora sei.

Que todos os ventos carregam
Todas as notícias
E que outro ilustre, morreu.

Agradecimentos especiais ao fotografo Paulo Brasil, autor da fotografia que ilustra meu texto. Você poderá ver mais trabalhos do Paulo Brasil no endereço:http://www.flickr.com/photos/tags/paulobrasil/RESPEITE OS DIREITOS AUTORAIS E A PROPRIEDADE INTELECTUALCopyright © 2006. É proibida a venda ou reprodução de qualquer parte do conteúdo deste site. Este texto está protegido por direitos autorais. A cópia não autorizada implica penalidades previstas na Lei 9.610/98.

Hoje seria o aniversário de 60 anos de meu pai.

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terça-feira, abril 11, 2006

Confissão

Não tome meus versos como confissão
Mas como um desabafo crônico
Que teima em avassalar as entranhas
E queima em minhas palavras.
Não tome meus tormentos como seus
Pois não são
Tenho uma alma atormentada
E um coração cheio de amor vão.
Não tome meus sentimentos como água
Eles são densos como vinho
Rubros como sangue
Embriagam quem os degusta
Assustam os desavisados.
Não tome meus segredos
Pois eles são fortes como absinto
E ao mesmo tempo frágeis como o cristal,
Quebram-se como a esperança.
Não tome minha vida
Que é só minha
Não te permito
E me dou o direito
De tragá-la sozinha.
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sábado, abril 08, 2006

Gula

E viva os padres pedófilos
Que devoram nossa infância!
Viva a corrupção
Que morde nosso pão
E cospe para a inflação!
Viva os poemas falsos
Que abrandam a alma
E alienam o discernimento!
Viva os pobres de espírito
Que herdarão a terra!
Viva as putas pobres
Que se trocam por pão!
Viva os pães doces,
Os pães salgados,
Os pães amargos!
Ave o Papa gordo,
Os papa-gordos,
E também os corpos magros,
Esqueléticos,
Dos raquíticos e esfomeados!
Viva a comida farta!
Viva a miséria!
Viva o arroto guloso!
E o gemido faminto!

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quarta-feira, abril 05, 2006

O céu de minha boca
Está nublado
Ali se esconde um poema
Por hora, perdido, falido,
Com rimas pobres, doentes,
Famintas talvez extintas,
Nessa selva que é meu ser.
Um suspiro profundo
Leva algumas nuvens
E me faz chorar
Chovem pétalas azuis
Nos campos por dourar
Ouvia alguém sorrindo
Como se o poema fosse vingar
Mas eram apenas sombras,
Nossas sombras espalhadas
Sobre o capim
Nus, bêbados do orvalho,
Que molhava nossos cabelos
Recordamos as velhas rimas
Do poema antigo
Esquecido por uma década
Numa nuvem que não caiu.
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Confidências

Não consigo amar alguém sem
Ser possuído por uma dor imensa,
Depois que tudo acaba.
É uma dor profunda,
Quase tão grande
Quanto o universo.
Queria amar alguém
Que me respeitasse
E que não houvesse
Motivos para pedir
Ou agradecer.
Que o amor cedido fosse
Meigo e marcante...
Que a doçura dos nossos momentos
Superasse a dor do meu tormento
E que esse alguém ficasse tão feliz
Com minha presença suave,
Que seus olhos brilhassem até o infinito
Num brilho equivalente as estrelas.
Queria amar alguém que me possuísse
Com tamanho fulgor,
Que até os anjos, em confidências,
Sentissem inveja do nosso amor.
Queria amar alguém que fosse
Apenas inesquecível
E que esse amor não fosse tão somente forte
Mas sim, capaz de superar
As forças do céu e da terra.
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terça-feira, abril 04, 2006

Esta não é uma carta de adeus, é uma última satisfação, dentro de tantas outras explicações que já te dei. Não perderá nada enquanto eu me privar de minha vida. É jovem e muitas outras mulheres hão de ocupar melhor que eu, esse espaço que ainda me cabe.
Sempre estive sozinha, aliás, sempre cultivei minha intimidade, não estou te culpando, apenas deixando claro que foi uma escolha particular. Já amei muitos homens, mais até do que te amei algum dia, mas não cedi a eles nem a milésima parte do que cedi a você, não que tenha me coagido a fazê-lo, mas por que em certos momentos sentia-me segura com sua presença, com seu afeto.
Permaneci e permaneço num estado de dormência, por que aos poucos fui abrindo mão de me impor, de me expor diante de todos, inclusive de você. Não sou mais a mulher que escolheu para conjugar uma vida de realizações, não sou nem sombra dela, já me orgulhei mais de mim, sinto-me constrangida com o que sou.
Não tome meu gesto como um suicídio, nem como uma covardia voluntária e vexatória, não sou uma suicida, sou uma inconformada, revoltada até. E se bem me conhece, não jugo que conheça, deve saber que sinto um prazer enorme em destruir tudo o que me incomoda.
Neste momento o que me afeta é essa caricatura minha, que vejo ao me observar com calma e atenção. E quem toma essa iniciativa é aquele ser que fui, que permanece imaculado em algum lugar nesta mente frágil, mas que ainda se esconde para se preservar.
Não sinta minha falta, nem vele esse corpo que sobrará, pois ele é apenas o invólucro dessa alma vencida e cansada de si mesma.



(Mais uma vez peço desculpas por minha total incompentência de não conseguir espaçar meu texto, o que me parece impossível neste blog, peço sua compeensão.)

Agradecimentos especiais ao fotografo Paulo Brasil, autor da fotografia que ilustra meu texto. Você poderá ver mais trabalhos do Paulo Brasil no endereço:

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