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segunda-feira, maio 28, 2007

(Fotografia de Simon Pais)

minha língua negra
de escárnio e mal dizer
não se cansou de profanar os cúmulos
e fere
deliciosamente lambe
as vergonhas alheias
desnuda as virgens santas marias
descarna os sacerdotes puros
falseia
e ri de tudo
toda prosa se reinventa
cuspida e ardilosa
chama a dor de gostosa
e gargalha-se
do mal
minha língua preta
de tanto lamber o sapatos
agora é pura graxa de estação
que molha os trilhos
e leva ao tesão
cantem a língua da maldita
da senhora treva
que faz todos dançarem
em torno de si
olhos de fogo
hão de arder em seu sexo
e em chamas
chamará meu nome
sou a lama em que todos chafurdam
sou a cama em que todos se entregam
sou a gota menor
do veneno maior
sou língua profana
que a todos inflama.

5 comentários:

ghislaine disse...

ola !!
falo um poco portugues e percebo melhor o que posso ler ... gostaria perceber mais ... teus textos parecem sensiveis... e gosto a vezes das fotos que empleas...

Paulo disse...

Há línguas «escravas» da ausência do domínio da vontade provocada por impulsos demasiado fortes para serem razoavelmente dominados....

Obrigado pela visita.
Bjs
Paulo

Alexandre Lucio Fernandes disse...

As palavras conseguem ser tentadoras...
Lindo, profundo.

:)

beijos

Anônimo disse...

A lingua, a boca, as palavras...são armas.

Antonio Junior disse...

Você é a Gregório de Matos de Brasília, Larissa. A língua sempre foi profana, é úmida, pegajosa, nojenta, como todo ser humano.

Abraços
Antônio Alves