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segunda-feira, julho 30, 2007


A fábula do vidro e do tijolo
pela vidraça vê-se o muro
vê-se furos
no paladar!
não há o que se esconda
e se oponha
à dor de fronha
e a amores de chafariz
é tudo tão caro
que o metal não pode pagar
beijara teus tijolos
e ainda trazia na língua
os esporos alheios
enganando-se cotidiano
e os olhos secos se fecham
na esperança da chuva
da fonte na praça central.

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quarta-feira, julho 11, 2007



perceber-se estopim de tudo
ai que uma faísca
ai que a explosão
cretina ponta, volúvel chama
que incendeia

percorre altiva seu caminho
de pó e pólvora
de um ponto pequeno
à expansão abrasiva
avassaladora

e de uma dor ínfima
ao prazer destrutivo
dilatam-se e unem-se
por um segundo
entre o ardor e a diluição

fracasso maior
é não querer ser o fogo
não se entender a gota
o cuspe, o escarro
ter na liga o todo

o poder de ser e findar
na ignorância do estalo

aniquilação.


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segunda-feira, julho 02, 2007


memórias e lítio

só há mais lucidez
nos olhos vidrados
absorventes
retratos de Goya
tão perfeitos, tão humanos
e salve o polido insano
e se faça a ode ao engano
ao hímen dourado
da moçoila puritana
ao pênis virgem do sacerdócio
só há mais lucidez
mais apologias ao haxixe
ao vício, à embriaguez
reverências ao art. 216, Lei nº 11.106
festejem com bebida
com dança tribal e corpos pintados
com césio 137
na ignorância que vos compete
comemorem as vergonhas da humanidade
elegias à guerra e à pena de vida!