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quarta-feira, março 08, 2006





E viva a vulva!

O primeiro contato material que tive com esse órgão magnífico foi no dia que nasci, não lembro das pressões que me fez na cabeça, mas sei que minha mãe gritou, e gritou tanto, que até hoje quando se fala de meu nascimento, lembra-se que nasci às quatro horas da madrugada e que os gritos de minha mãe acordaram todos, no pequeno hospital. Demorei um pouco para nascer, talvez por pirraça, pois desejaram durante a gravidez inteira que eu fosse um menino, e a decepção de minha mãe após a dor deve ter sido grande, não só por ser uma menina, que pesava pouco mais de dois quilos, mas por que provavelmente um dia eu sentiria as mesmas dores que ela, mas nem sei se ela se lembrou disso.
Desde muito pequena, e eu me lembro, era muito prazeroso tocar nela, e é até hoje, mas só descobri que tinha vulva aos quatorze anos, e acredito que se fosse um homem, não estaria escrevendo uma narrativa assim, talvez estivesse contando sobre minhas incríveis experiências sexuais com uma prima, ou uma colega de sala. Aliás, falar da vulva, de sexo, para as mulheres ainda é um tabu. É possível imaginar como era no colégio de freiras que estudei quando era menina-moça, mas sempre fui desbocada, nunca me enquadrei nas regras, e quando matava aula, namorando no pátio ou no banheiro, e era descoberta punia as freiras com perguntas desconcertantes sobre sexo e era divertido ver suas reações de vergonha e culpa.
- Será que as freiras não têm vagina?
- Não se tocam ou fazem sexo?
Sei que as coisas não eram bem como eu imaginava e que as freiras não eram tão virgens assim, mas adorava provocações de cunho sexual, e toda a sexta-feira o padre ao colégio e éramos todos obrigados a confessar tudo, e reconheço, me apetecia mais a confissão e as feições do padre que as provocações às freiras.
Sei também, que o desenvolvimento de todos os meus órgãos e músculos de meu corpo dependem dela, sou visceral, e minha vulva é parte fundamental do meu receptáculo de sentidos e percepções.
Perdoem-me os puritanos, ou os que desconhecem do poder ser mulher, devo dizer que existem mulheres que ainda não sabem que têm esse poder, ouso dizer que não sabem nem que têm vulva. Peço perdão por ser clara e não poupar seus sentidos, do desconforto que posso causar com meu relato, mas parece-me necessário. Posso algum dia mudar de idéia e deletar toda essa narrativa, como posso concordar com ela eternamente.
Quando era mais jovem diziam que não era desse mundo, que tinha parte com aquele, com o malvado, meu olhar flamejante que parecia saltar dos meus olhos negros que disfarçavam certa frieza, eu fui fria como uma cobra, e quente como a brasa, trazia em meus lábios apenas aqueles sorrisos cínicos por ficar realizada na desgraça alheia, e ainda sou assim, no auge de meus trinta e um anos.
O que posso é me considerar uma afortunada, pois descobri jovem o poder de meu cérebro maquiavélico, de minha boca nervosa, e principalmente o poder de minha vulva, sim, pois, não adianta ter um cérebro brilhante, uma boca desaforada e uma vulva virgem.


A ilustração dessa vez é de minha autoria, não é meu ofício, mas estou aprendendo.

Peço desculpas pela falta de espaçamento do texto, pois não consegui colocá-los neste blog, por total incompetência minha.

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19 comentários:

Anônimo disse...

Muito lindo. Parabéns!
leia o meu outro blog!
http://cartasintimas.zip.net

Anônimo disse...

excelente texto. e q maldade, hein? provocando as freirinhas... e provocando o padre! a dona maria-sem-vergonha ficaria com inveja hehehe. Vc escreve bastante, hein? olhei seu outro blog tb, e lá tb tem mtas poesias... vou ter de gastar mto tempo lendo...

ah... e obrigado pelos novos comentários. acho q não mereço aqueles elogios não, mas mesmo assim agradeço. e eu escrevo mto raramente, escrever dá mto trabalho, mta dor de cabeça, a temperatura do meu corpo aumenta e eu fico suando e me coçando todo... mas mesmo assim adoro escrever, pena q falta tempo... bjs

Cláudio B. Carlos disse...

Oi!

Gostei.

*CC*

Beau Geste disse...

Estava passeando... e entre milhões de blogs encontrei o seu.
Gostei do texto.... tem, ele, um bom sentido.
Este comment foi só para ilustrar que estive aqui.
Abraços
Beau

Claudio Eugenio Luz disse...

Sempre digo, escrevo e reitero: quem derá o mundo não precisasse de dias especiais. Mas, enfim...

hábeijosssssssssssss

claudio

*Caroline Schneider* disse...

Adorei isso: "não adianta ter um cérebro brilhante, uma boca desaforada e uma vulva virgem"!!!
E devo confessar que quando pequena, também gostava de fazer essas perguntas, uma vez até me aventurei a entrar no banheiro de um convento pra descobrir se elas eram iguaizinhas a nós [seres normas e pecadores, hehe] quando meu pai, que é médico, foi ver uma paciente-freira... rs
Foi hilário!
Beijo

Anônimo disse...

Que coisa mais bela, nada piegas como as inúmeras mensagens em comemoração ao dia da mulher. Primeiro que de frágil mulher não tem nada, e mais: atitude é o que não falta. A nossa cultura machista foi quem tentou coibir elas de se manifestarem. E agora, depois de um período de férias regressar e ler tão belas articulações fico lisongeado, principalmente consciente de se tratar de um conterrâneo, e do sexo feminino. Não tenho nem palavras Larissa. Abração! Depois volto pra ler mais e com mais atenção. Bjuxxx

Anônimo disse...

Um bom texto. Muito enVULVente.

Anônimo disse...

Este enfoque é mesmo original e corajoso. Parabéns e beijos.

Anônimo disse...

maravilha ! feliz dia da vulva...ooops.... feliz dia da mulher !! giga beijos !

Anônimo disse...

MARAVILHOSÍSSIMA,CARA CONTISTA! VOCÊ ESCREVE CONTOS COMO QUEM PINTA PAISAGEM EM CABEÇA DE ALFINETE!!!...ADOREI! ROMANCE É CINEMA, CONTO É UMA BELA FOTO!.....FELIZ DIA DA MULHER!...ABRAÇOS AMAZ~~OÕÕÕÕÑICOS!

Anônimo disse...

legal. Ótina crônica! Abraços du Isac.

Anônimo disse...

Olá, estava fuçando pela net a acabei me deparando com o seu blog, eu tbm tenho um e publico algumas coisinhas por lá, é claro que ainde preciso melhorar bastante, mas to tentando...rs

quando tiver um tempinho me visite, www.mukipho.weblogger.com.br

E parabéns viu, vc escreve muito bem

Anônimo disse...

Larissa,poucas mulheres tem a mente tão aberta quanto a tua.Este assunto para a maioria ainda é tabú.Parabéns pelo conto sincero e esclarecedor(principalmente para os/as putitanos/as).Gostei e gosto de pessoas com a visão que demonstrastes desde menina.Se Deus proporcionou à mulher, a vulva,não há porquê não falar,tocar e sentir sensações que ela proporciona.Mente aberta é assim,poetisa. Gostei demais,e,pelas tuas visitas no meu canto. Bjss

Anônimo disse...

Larissa, Beleza de texto amiga. Ser mulher por mais que tentamos definir é um ser infinito. Agradeço a sua linda homenagem. Beijos no seu coração, Ive Sou amiga do Recanto e ficarei muito feliz se der-me a honra da sua visita e para tal vá em autores: IVE

Anônimo disse...

Eis aí uma outra Vênus! A Vênus da vulva! Parabéns! Muito bom! Abraços!

Anônimo disse...

...E este, hein? Larissa: Parabéns pela originalidade. Porque surrateiramente, falando se si aborda uma questão importante ou seja o celibato dos religiosos...

Anônimo disse...

Beleza de texto, minha amiga. A cara e a coragem. Beijos.

Anônimo disse...

parabéns pela forma bem-humorada com que desenvolveu tal assunto... a vulva transcende o sentido de simples órgão genital, é a representação máxima, junto aos seios, do eu feminino. abraço do amigo.