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quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Réquiem

Os edifícios cortavam a paisagem densa
Os olhos febris de verão queriam vento
O verde, a mata,
Em algum lugar falavam de fogo
Da fuligem, do mormaço,
Nas janelas embaçadas
Desce úmido um gemido
De dor, de revolta,
A vida era aquele gemido
Remido em sua carne
Banido em qualquer conto
No abrir e fechar dos punhos,
Logo chegaria mais uma noite
E o concreto de um cinza completo
Tornaria-se reluzente,
Com os dedos finos
Ascenderia mais um cigarro
E desenharia no ar com sua fumaça,
As cinzas beijariam o firmamento,
Não tinha respostas
Mas ainda sim a dor indagava
E no jornal o negro estampado
Os olhos lêem o crepúsculo de ontem
Um réquiem deste opúsculo.

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4 comentários:

Rodrigo Capella disse...

Olá, Larissa, belo texto! Obrigado pela visita no blog. Claro, pode linkar. Abraços e boa semana, Rodrigo Capella.

Rodrigo Capella disse...

Larissa, obrigado. Tb te linkei!!

Anônimo disse...

O olha pela janela, pela fresta, pelo buraco das quimeras, como um voltar ao tempo; ou um vislumbrar o futuro... o querer, o poder e o ter... sempre o mesmo dilema. beijos... fausto

Anônimo disse...

"Desce úmido um gemido De dor, de revolta, A vida era aquele gemido Remido em sua carne." Estes quatro versos possuem uma força extra-poema, são pássaros que podem ser observados e serem lindos mesmo fora da gaiola do poema. Amei este poema, é como diz o famigerado presidente Lula: "corta na carne".